AH! Os relógios
Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for das vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte;
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
Inteira sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.
E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...
Mário Quintana, in "A cor do Invisível"
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Ampulheta - séc XVII (Casa-Museu Medeiros e Almeida) |
J.C
(Poeta de Valmedo)
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