sexta-feira, 18 de novembro de 2016


A INTUIÇÃO, A CIÊNCIA E O SUPERBICHO - II


Ainda o Homem não tinha chegado e invadido este paraíso e já as BACTÉRIAS levavam uma existência tranquila e bem sucedida na Terra desde há 4 milhões de anos e, muito provavelmente, se não forem alterados certos comportamentos suicidas, continuarão elas a existir depois da provável destruição do equilíbrio biológico do planeta e da extinção humana....







Parece uma história de ficção científica (e até acaba por ser!), mas como é que uma coisa tão minúscula e dissimulada como uma bactéria, que nem o olho ou a percepção humana conseguem vislumbrar, se tem apropriado do verdadeiro controlo biológico do planeta TERRA? Culpa da espécie humana? Talvez, muitos erros foram certamente cometidos mas apenas representam eles uma "pequena" influência no destino da vida terrestre!
As BACTÉRIAS simbolizam  a adaptabilidade a todos os meios hostis e infernos que se possam imaginar: não há altitude ou profundidade que as condicione, tanto conseguem viver a 32 Km acima da linha terrestre como a 3000 metros de profundidade oceânica, conseguem resistir a temperaturas de 250º C e a uma pressão de 265 atmosferas, para além de resistirem à acidez mais extrema que se possa imaginar (no estômago humano, por exemplo). Tanto faz que haja oxigénio ou não, haverá sempre bactérias viáveis e prontas a assumirem o controlo!...










Num milímetro de espaço cabem 1000 bactérias, 1 grama de fezes humanas contem 1 trilião de bactérias, nas nossas mãos, apesar de lavadas, existirão sempre à volta de 200 milhões de microorganismos vivos, uns perigosos outros nem tanto!...  A maçaneta da porta, a roupa que vai vestir ou o rato do computador, o telefone ou até o comando da televisão, estarão repletos de bactérias juvenis, prontas a assumirem o controlo da situação, QUO VADIS? apetece questionar!








Mas as bactérias não são apenas sinónimo de doença ou ameaça: muitas espécies são fundamentais para a nossa existência: ajudam-nos a digerir os alimentos (no intestino um ser humano tem mais bactérias do que células em todo o seu organismo!), providenciam à espécie humana um extenso e diversificado rol de ANTIBIÓTICOS (sim, são as bactérias que produzem essas substâncias assassinas das ameaças ao nosso corpo e é partir do seu estudo que hoje temos uma vasta gama de antibióticos disponível!) e ainda nos ajudam na protecção a outros agentes infecciosos. Além disso as bactérias e outros microorganismos têm tido ao longo dos séculos um papel fundamental na alimentação humana, basta pensar na sua acção fermentadora que nos providencia o iogurte ou a cerveja, por exemplo... E que seria de nós sem a bela imperial?


E chegámos hoje a uma nova era em que a principal ameaça para a humanidade não vem do espaço (não há notícia de meteoritos a caminho), nem do nuclear (apesar da trampa em que a América mergulhou!) nem sequer do aquecimento global (afinal parece que vamos entrar num Inverno frio como há muito não se via), são esses bichinhos invisíveis e que estão por todo o lado e que se estão a transformar em SUPERBACTÉRIAS resistentes aos antibióticos de última geração que são o nosso principal inimigo nos dias que correm e quando não tivermos um único antibacteriano eficaz à disposição vai ser o salve-se quem puder porque poderá ser uma catástrofe. Bem tenta a OMS remar contra a maré com campanhas de sensibilização, seja na administração correcta de antibióticos (mais de 50% são erradamente prescritos!), seja na sua correcta utilização (há quem interrompa o tratamento antes do tempo estipulado o que só vai tornar as bactérias sobreviventes mais resistentes ainda), seja nas medidas de higiene necessárias para evitar contaminações ou até na automedicação (muita gente ainda se automedica e em muitos casos não sabendo que os antibióticos não são eficazes em infecções virais)... Mas a sociedade actual tornou-se dependente do medicamento, ao mínimo sinal de desconforto lá vai um antipirético, mais um analgésico, umas gotinhas para ganhar cor e, porque não, um antibiótico antes que o bicho engorde... Tanta utilização de medicamentos só levou ao engordar da resistência aos mesmos, as superbactérias vieram para ficar e temos que aprender a viver com elas, caso consigamos ir sobrevivendo, claro...


UMA SIMPLES E CORRECTA LAVAGEM DAS MÃOS, POR      
 EXEMPLO, EM MUITAS CIRCUNSTÂNCIAS PODE EVITAR       
                 INFECÇÕES GRAVES E SALVAR VIDAS...

     

    E agora que já lavámos as mãos e tendo ficado apenas em contacto com bactérias simpáticas, porque não desfrutar das coisas boas que alguns bichinhos microscópicos ainda fazem questão de nos proporcionar, pode sair então uma bela loira fresquinha por conta da amável Saccharomyces cerevisiae, acompanhada de pão caseiro bem fermentado e um queijito oferecido pelo senhor Lactobacillus...







João Alquimista

(Investigador de Valmedo)

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