"O SINO DE BERLIM"
Não reconheço a imagem que o espelho me devolve: o cabelo louro, o bigode falso e a maquilhagem que me aclarou a pele transformaram-me noutra pessoa. Estou pronto para a aventura, pego no chapéu, visto o sobretudo e de óculos escuros no nariz saio para a ainda deserta avenida Kudamm. Há uma semana atrás, instantes antes de ser assassinado numa esplanada da Ilha dos Museus enquanto acompanhava um saboroso chucrute com uma cerveja deliciosamente gelada, Hans, o nosso agente em Berlim, contactara-nos pela última vez e conseguira enviar-nos a seguinte SMS: " O mapa está onde o primeiro raio de sol incidir n........". Não tivera tempo para mais...
Hans tinha escondido num monumento da cidade as instruções para chegar a um dos mais valiosos enigmas da humanidade: algures numa pasta estavam os planos para a construção da "Die Glocke", a mítica e secreta máquina aeroespacial alemã dos anos 40, cujo projecto fora interrompido pelo desfecho da Guerra mas que supostamente poderia controlar a anti-gravidade e o espaço-tempo. Essa tecnologia poderia implicar o acesso a viagens intergalácticas bem como à regressão temporal com a inerente possibilidade de alterar o rumo da história e o futuro da humanidade.... Havia que evitar a todo o custo que esses documentos caíssem nas mãos erradas sob pena de o mundo ficar sujeito a uma ditadura opressiva como nunca conhecera até hoje, especialmente por parte da DEVIL 666, diabólica organização que preconiza o genocídio à escala global como processo de purificação do universo. Mas também os americanos, russos, israelitas e árabes estão no encalço do tesouro!
Hans tinha escondido num monumento da cidade as instruções para chegar a um dos mais valiosos enigmas da humanidade: algures numa pasta estavam os planos para a construção da "Die Glocke", a mítica e secreta máquina aeroespacial alemã dos anos 40, cujo projecto fora interrompido pelo desfecho da Guerra mas que supostamente poderia controlar a anti-gravidade e o espaço-tempo. Essa tecnologia poderia implicar o acesso a viagens intergalácticas bem como à regressão temporal com a inerente possibilidade de alterar o rumo da história e o futuro da humanidade.... Havia que evitar a todo o custo que esses documentos caíssem nas mãos erradas sob pena de o mundo ficar sujeito a uma ditadura opressiva como nunca conhecera até hoje, especialmente por parte da DEVIL 666, diabólica organização que preconiza o genocídio à escala global como processo de purificação do universo. Mas também os americanos, russos, israelitas e árabes estão no encalço do tesouro!
O nosso informador tinha como modo operacional a escolha de um monumento berlinense como plataforma para a passagem de informações e sendo as suas escolhas aleatórias, a minha missão consistirá na inspecção, um por um, dos locais mais importantes da cidade, desde o Palácio de Charlottenburgh à Cúpula do Reichstag, desde as Portas de Brandenburgo à antiga Torre de Televisão da zona oriental, desde a Catedral até às ruínas resistentes do Muro, não esquecendo o Palácio de Sanssouci em Pottsdam...
E agora, que o frio desta madrugada já crepuscular me invade os ossos, por entre as árvores e ao fundo da avenida começo a vislumbrar as ruínas da Igreja da Memória e volto a pensar nas duas razões que poderiam levar Hans a escolher este local: noutra missão em que trabalhámos juntos, faz por agora um ano, contactámos um tio seu que trabalhara muitos anos no memorial da igreja, o que lhe poderia facilitar um acesso privilegiado a um esconderijo; a segunda razão era o seu crescente misticismo, recolhia-se cada vez mais em qualquer igreja que encontrasse e por lá, entre reflexão e penitência, pedia perdão pelos crimes do passado e pedia tempo para um futuro que prometia imaculado. Confidenciara-me ele, pedindo-me silêncio sob juramento de palavra de espião, que depois de ter escapado inúmeras vezes à extrema unção andava a pensar retirar-se definitivamente desta vida ingrata e perigosa, ambicionava voltar para a sua Silésia natal e talvez arranjar mulher que o entretivesse. A menos que a sua morte tivesse sido encenada (hipótese que ainda não descartei), o coitado do Hans não voltará a ver as colinas verdejantes da sua aldeia natal de que tanto se orgulhava...
Mas eis que já não tenho a avenida só para mim, ao longe e dissimulado, vindo do lado do Zoo aproxima-se um vulto e só tenho tempo de me esconder atrás de um placard publicitário. Colado a uma imagem da Coca-Cola espreito e então reconheço aquele jeito único de andar, é Adéle, a belíssima agente israelita, sempre esquiva e misteriosa e com quem tenho umas contas a ajustar. E porque precavidamente tenho reserva para dois num restaurante conceituado, para além de transportar no bolso do meu casaco bilhetes para o concerto da afamada Orquestra Filarmónica, desta vez estou confiante na influência do cenário cosmopolita e erudito desta cidade na arte da conquista... Depois relatarei o desfecho desta aventura, espero bem que romântica e nos braços de Adéle num passeio de barco pelo Spree, desde que tenha o mapa bem seguro, claro...
E agora, que o frio desta madrugada já crepuscular me invade os ossos, por entre as árvores e ao fundo da avenida começo a vislumbrar as ruínas da Igreja da Memória e volto a pensar nas duas razões que poderiam levar Hans a escolher este local: noutra missão em que trabalhámos juntos, faz por agora um ano, contactámos um tio seu que trabalhara muitos anos no memorial da igreja, o que lhe poderia facilitar um acesso privilegiado a um esconderijo; a segunda razão era o seu crescente misticismo, recolhia-se cada vez mais em qualquer igreja que encontrasse e por lá, entre reflexão e penitência, pedia perdão pelos crimes do passado e pedia tempo para um futuro que prometia imaculado. Confidenciara-me ele, pedindo-me silêncio sob juramento de palavra de espião, que depois de ter escapado inúmeras vezes à extrema unção andava a pensar retirar-se definitivamente desta vida ingrata e perigosa, ambicionava voltar para a sua Silésia natal e talvez arranjar mulher que o entretivesse. A menos que a sua morte tivesse sido encenada (hipótese que ainda não descartei), o coitado do Hans não voltará a ver as colinas verdejantes da sua aldeia natal de que tanto se orgulhava...
Mas eis que já não tenho a avenida só para mim, ao longe e dissimulado, vindo do lado do Zoo aproxima-se um vulto e só tenho tempo de me esconder atrás de um placard publicitário. Colado a uma imagem da Coca-Cola espreito e então reconheço aquele jeito único de andar, é Adéle, a belíssima agente israelita, sempre esquiva e misteriosa e com quem tenho umas contas a ajustar. E porque precavidamente tenho reserva para dois num restaurante conceituado, para além de transportar no bolso do meu casaco bilhetes para o concerto da afamada Orquestra Filarmónica, desta vez estou confiante na influência do cenário cosmopolita e erudito desta cidade na arte da conquista... Depois relatarei o desfecho desta aventura, espero bem que romântica e nos braços de Adéle num passeio de barco pelo Spree, desde que tenha o mapa bem seguro, claro...
João Palmilha (viajante de Valmedo) |
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