quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A RAIVA DO VULCÃO - I

       
   " A raiva só é má quando a alma é má também"
                                                                         - Prana, "Raiva"


                                                                                                                  Raiva - PRANA

                                                                              
          Quem nunca sentiu RAIVA? De algo, de alguém, de si próprio ou apenas porque sim? Diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa que raiva é um acesso de fúria, arrebatamento violento, cólera, ira, sentimento de irritação, agressividade, rancor ou frustração, todos esses gradientes de exaltação motivados por aborrecimento, injustiça ou rejeição sofrida...
          Bom, aborrecido só anda quem quer, tanta e tanta coisa por fazer neste mundo que basta uma meia dúzia delas para ocupar muito e bem qualquer espírito aberto! Quanto a rejeição, embora muitas vezes possa ser dolorosa e descontadas aquelas em que se merece a rejeição, haverá sempre inúmeras outras oportunidades para sermos aceites... basta melhorar e apresentar outros argumentos! Resta a injustiça, e aí sim não há nada a fazer senão sentir raiva, a injustiça nem sempre é premeditada por alguém ou provocada, simplesmente acontece... (azar, predestinação, Karma negativo, seja o que for...)

            Mas, atenção, a raiva é um sentimento fundamental  para a acção humana, é ela que provoca uma reacção a tudo o que nos repulsa e que apela a uma acção de confronto e mudança da nossa parte e que inevitavelmente nos conduzirá a um estado superior de consciência e auto-estima.

              E quem nunca perdeu o controlo e a CABEÇA num acesso de raiva?  Ora, o caso não é assim tão grave se tivermos em conta que a raiva também é, inquestionavelmente, um sentimento divino. Por acaso, alguém duvida do exaspero dos Deuses ao olharem para este mundo que eles próprios, na sua omnipotência, criaram e que nunca imaginaram que viria a tornar-se neste inferno? Quanto a mim, todos eles devem acordar, trabalhar e deitar com um sentimento de grande raiva...
               
             VULCANO, o deus do fogo e dos vulcões, (representado como um ferreiro) foi talvez o primeiro dos deuses a sentir raiva, coisa natural, digo eu, se tivermos em conta que a pobre criatura foi rejeitada e expulsa do Céu pela própria mãe devido à sua fealdade e disformidade (era coxo). O ressentimento nunca o abandonou e o desejo de vingança também não e questiono eu, quem não faria o mesmo? Bendita raiva! E não é que, apesar destas afrontas, Vulcano não se torna o Deus mais trabalhador, engenhoso e amado do Olimpo? Acaba até por desposar a mais bela das deusas, Afrodite, a deusa do amor, pelos vistos tão bela quanto cabra porque o irá trair inúmeras vezes.... (assim no céu como na Terra). Vulcano bem poderia ser também o Deus dos Cornudos....

       
             E já repararam no modo curioso como sempre se associam os episódios de raiva com o ciclo de um VULCÃO? (adormecimento/ erupção/ acalmia)  Basta que alguém nos diga "estou quase a explodir", "deitar tudo cá para fora", "exteriorizar toda aquela tensão acumulada" ou "qualquer dia rebento"....
             A questão fundamental não é a raiva em si, a qual só é má se for mal gerida e canalizada, é o modo como se está apto ou não para controlar a sua erupção, a boa gestão do ciclo de energia, afinal é isso que o planeta Terra faz através do vulcanismo!   Pudera, com tantos humanos à superfície...
                 
    
               
João Lava

(Vulcanólogo de Valmedo)

Sem comentários:

Enviar um comentário