PASSEAR, TAPAR, PASSEAR...
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"La Cueva de Salamanca |
Tínhamos vindo da Cueva de Salamanca, esse lugar maldito onde, segundo a lenda e referências de mestres das letras como Cervantes, Calderon de La Barca ou mesmo o Walter Scott do Ivanhoe, Satanás tinha uma escola de ciências ocultas e que dizem ainda hoje ser uma porta de entrada para outro mundo, a subida exigira algum esforço de modo que agora estávamos sentados nos jardins da Plaza Annaya observando a azáfama estudantil, catedral pelas costas e palácio defronte... O calor ameaçava inclemência, a hora já batia levemente no estômago e talvez por isso reparo numa sedutora esplanada ao fundo onde começa a Rúa Mayor e já bem concorrida, que raio, em troca de sombra e uma caña não se perderia muito e lá abancámos...
Primeiro repara-se no papel afixado à entrada [AQUI SE COMEN LAS AUTENTICAS PATATAS REVOLCONAS, desde 1978] e só depois no modesto letreiro que anuncia o nome do pequeno café-bar: EDELWEISS! Tal e qual, edelweiss, que significa "branco nobre" em alemão e nome pelo qual é também conhecida uma frágil planta das montanhas alpinas, com as suas pétalas de puro branco, claro...
Fico a pensar no porquê de um nome assim por aqui, que tem Edelweiss a ver com Salamanca? Terá o dono do estabelecimento vindo dos Alpes e por aqui se ficou enamorado de terras e gentes? Ou então, porque não, quem deu o baptismo ao café terá sido alguém fã do "Música no Coração", talvez o filme mais visto da história deste mundo-cão em épocas natalícias... Mas entretanto chegaram a caña, a pinta, os huevos fritos con farinato, o jamon serrano de La Alberca e claro, as patatas revolconas, e com tudo isso se deu início a uma sinfonia no estômago...
Energias repostas, é tempo de voltar ao passeio e assim se pode ser feliz, passeando, tapando, passeando...
João Palmilha
(Viajante de Valmedo)
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