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"TRIUMPH" - Pichiavo e Vhils - ( Foto - Jean-Charles Forgeronne) |
João Plástico
A UM PEQUENO PASSO DA EXTINÇÃO...
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"Extinto!" - Jean-Charles Forgeronne |
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"Em extinção..." - Foto de João Andarilho |
El PARC qui morts la CIUTADELLA...
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"Arc del Triomf" - Jean-Charles Forgeronne |
Nasceu então aí um parque de 30 hectares que passados apenas dez anos seria palco da Exposição Universal de 1888, visitada então por 2 milhões de pessoas! A entrada principal tomou a forma de um Arco do Triunfo em tijolo cor-de-rosa em estilo mudejár e com esculturas alegóricas à industria e ao artesanato locais...
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"Cascata" - Parc de la Ciutadella - Jean-Charles Forgeronne |
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"O lago" - Jean-Charles Forgeronne |
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"Tres Xemeneies" - Jean-Charles Forgeronne |
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"Jaume i bisabuela" - Jean-Charles Forgeronne |
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"Memória" - Jean-Charles Forgeronne |
RAMBLAR AO SOM DE RAVAL...
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"Chamada para o Céu" - Jean-Charles Forgeronne |
Imaginem também que após ter pisado com gosto o Miró na calçada este escriba entra agora na Plaça Reial, construída em 1850 e que já foi considerada a mais movimentada de Barcelona, famosa pelos candeeiros de iluminação pública da autoria de Gaudí... Retrato tirado ao candeeiro nota então que ao fundo da praça uma azáfama que capta a curiosidade dos turistas que por ali deambulam, algo de especial está prestes a acontecer naquela tarde amena de sábado, mas o quê?
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"O candeeiro de Gaudí" - Jean-Charles Forgeronne |
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"Raval's band" - Jean- Charles Forgeronne |
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"El gat", Rambla de Raval - Jean-Charles Forgeronne |
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"Ramblando à sombra dos plátanos" - Jean-Charles Forgeronne |
Embora seja apenas uma única avenida gostam os ciosos de pormenores históricos de dividir a grande RAMBLE em cinco e à primeira, logo à saída da Plaça de Catalunya, chamam-lhe Rambla dels Canaletes devido à famosa Font dels Canaletes, virtuosa devido à água tão boa que dela brota e daí dizer-se que quem dela bebia haveria de voltar sempre a Barcelona... E dela bebi, claro...
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"Font dels Canaletes" - Jean-Charles Forgeronne |
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"Pisando Miró" - Jean-Charles Forgeronne |
Resumindo, LES RAMBLES (parece francês não é?) não se descobre num simples passeio, é preciso lá voltar e voltar e voltar e sempre que se lá voltar vai-se acabar por descobrir outros pormenores e outras maravilhas, daí o tal ditado de que quem passa pela Font dels Canaletes e da sua água bebe lá voltará... Não é do meu jeito mas aqui vai uma dica para aqueles armados em turistas que se limitam a passar pelas atracções mediáticas: para vós, quando decidirem ir à RAMBLA para ver como é que e a despachar que se faz tarde, e até porque há que pôr o visto no plano de viagem, para vós especialmente e para poupar tempo, convém começar o vosso passeio mais a norte da Plaça de Catalunya, no início do Passeig de Gracia, passem pelas famosas "La Pedrera" e Casa Battló", tirem as fotos e depois então comecem a descer as grandes e magníficas Ramblas, não esquecendo que estão pisando um antigo esgoto a céu aberto...
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"Se chover..." - Jean-Charles Forgeronne |
TASCAS E ANTROS DE PRAZER - XXI
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"O 16 do 41" - Jean-Charles Forgeronne |
Seguindo o conselho do Martim iniciamos o menu do dia com um caldo galego de boa consistência e com uma fideuá à marinheira, prato típico da costa valenciana que não conhecia mas que me encheu as medidas...
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"Caldo galego e fideuà" - Jean-Charles Forgeronne |
Se parássemos ali a coisa seria suficiente mas ainda vieram os segundos pratos, uns deliciosos boquerones fritos, sequinhos e estaladiços, e depois um saboroso entrecot de terner a la brasa, grelhado no ponto e acompanhado de patatas fritas irrepreensíveis...
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"Boquerones e Entrecot" - Jean-Charles Forgeronne |
Tudo somado deu um belo almoço numa zona sossegada da fervilhante Barcelona e para demandar o Marcelino não será difícil arranjar 16 razões, de entre as quais a comida saborosa, a simpatia do atendimento e a excelente razão qualidade/preço... Sem dúvida uma experiência a repetir!
SUBIR AO MONTE DOS JUDEUS
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"Vista do teleférico" - Jean-Charles Forgeronne |
Depois de ter acolhido a Exposição Universal em 1929, MONTJUIC ganhou outro e decisivo fôlego ao ser escolhido como palco dos Jogos Olímpicos de 1992 com a construção do Estádio Olímpico e de inúmeros outros edifícios ultramodernos... Depois de subir ao castelo de teleférico é obrigatória ainda outra coisa: uma visita ao imponente Palau Nacional, principal edifício construído em 1929 e que alberga o Museu Nacional d'Art de Catalunya...
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"O imponente Palau Nacional" - Jean-Charles Forgeronne |
Que belo entardecer foi depois aquele nas escadarias do Palau Nacional, bem alinhados com as torres de tijolo de 47 metros de altura inspiradas nas torres da Basílica de Veneza que assinalavam a entrada da Exposição Internacional de 1929 e com a majestosa Plaça d' Espanya, aguardávamos o início do show sonoro e luminoso da Font Mágica, mesmo ali a meio e a olho de semear... Ainda faltava cerca de uma hora para o espectáculo e ainda bem que um artista de rua tomou o palco com a sua guitarra e desatou a tocar e a encantar com canções crepusculares, valeu a pena e as moedas que iam sendo lançadas para o chapéu até porque depois toda aquela gente começou a dispersar, afinal saberia eu depois tinham estado ali pela vista e não pela mágica fonte, essa estava em manutenção até 2023... Percalços de viajante, pensei em voz alta, triste mas contente ao mesmo tempo, Montjuic valera muito a penosa subida...
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"Fonte seca" - Jean-Charles Forgeronne |
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"Vista do Metro" - Jean-Charles Forgeronne |
Ao arranha-céus de 145 metros de altura inaugurado em 2005 pelo rei Juan Carlos há quem lhe pareça uma bala, outros há quem lhe chame um pepino mas para desempatar nada melhor do que imaginar um géiser expulsando água para o ar pois foi essa a ideia do arquitecto que idealizou a obra, o francês Jean Nouvel. Construída em betão, alumínio e placas de vidro colorido, a Torre funciona hoje como um edifício de escritórios mas possui um miradouro no seu trigésimo andar de onde se alcançam vistas magníficas da cidade e a 360º de perspectiva...
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"Vista do hotel" - Jean-Charles Forgeronne |
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"Vista matinal" - Jean-Charles Forgeronne |
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"Vista de Montjuic" - Jean-Charles Forgeronne |
QUINTO INCIDENTE TRANSFRONTEIRIÇO
ERRAR E MUITO NO AEROPORTO...
O Luís Vaz de Camões, uma das aeronaves da frota da TAP, ao recusar-se a partir para Barcelona iria proporcionar a toda aquela gente um dia muito diferente daquele que tinham idealizado, ali naquela fila, por enquanto calma e ordeira, ainda ninguém sonhava que iriam esperar 15(!) horas para iniciar a sua viagem, primeiro o voo seria remarcado para as 22:40, depois para as 23:05, depois 00:15, 00:40 e finalmente 01:05 do dia seguinte... Cada mensagem recebida no telemóvel tornava-se cada vez mais dolorosa após tanta espera, "Se é para cancelar que cancelem já, porra!" alguém gritara e com razão, ouviam-se impropérios e palavras de ordem em português "TAP nunca mais" ou "Qual privatização qual quê, acabem é com esta merda de empresa!", também rondava por ali um personagem curioso de boina e rastas à Bob Marley que exalava um suspeito odor adocicado, de calções e botas cardadas de caminhante, "um verdadeiro errante como eu" pensou Palmilha, e que num inglês arrastado a denunciar a sua origem irlandesa fez um comício em plena fila: "Fuck TAP! Fuck this country! Fuck Portuguese! Fuck this all!"...
Com vouchers para comida deu para enjoar de tanta sandes e pizza a que era impossível escapar devido aos preços praticados no aeroporto mas, ao menos, enquanto se comia não se cronometrava nem se pensava como gastar o tempo, abusava-se da mesa achada a custo, observava-se os outros companheiros de aventura e ia-se deitando um olho às notícias on-line... Tirando isso, que fazer? De vez em quando andar para cá e para lá, uma simples ida aos lavabos dava para quebrar o marasmo e sentado nas cadeiras desconfortáveis Palmilha gastava com gosto a maior parte do tempo a observar quem passava, imaginando que vida levava aos ombros cada criatura que por ali desfilava e por vezes era cá cada figura... "Aqui estou eu armado em sociólogo!", disse para si mesmo...
Mais uma mensagem a informar de novo atraso, mais uma ida aos quadros de informação para saber do estado do voo, mais um pequeno alívio por não ter sido cancelado, mais uma errância para desentorpecer e enquanto a noite se aproximava o fluxo de pessoas ia diminuindo e os voos também e nos painéis informativos a realidade assumiu-se: a maior parte dos voos com atraso e outros cancelados eram todos da TAP! E enquanto outros passageiros que iam para Barcelona pela Vueling não tinham tido qualquer problema ali estavam eles, suspensos em terra de ninguém, ansiosos pela próxima actualização... Já noite, Palmilha entretia-se agora a fazer contas, quando iriam chegar a El Prat e que transporte do aeroporto para o centro da cidade teriam já de madrugada, já se combinava a partilha de táxi com uma tradutora espanhola a viver há anos em Lisboa e desesperada porque estava em vias de perder reunião importante mas como iria ela entretanto tentar arranjar a expensas próprias voo noutra companhia também se combinava com um casal madeirense em lua-de-mel e também em vias de perder o cruzeiro em caso de cancelamento...
Tantos dramas à parte, haveriam de aterrar em Barcelona pelas quatro da madrugada, ainda por cima obrigados a esperar pela recolha de bagagem que a TAP vende como de cabine e não de porão, chegaram ao hotel perto das seis, uma noite de alojamento perdida, a visita a Montserrat programada para essa manhã já tinha ido para o galheiro e todo o plano de estadia teria de ser reequacionado... Tudo culpa do Camões!