quinta-feira, 11 de agosto de 2022

 

DIAS EM QUE O MUNDO-CÃO É NOSSO!


Há dias assim, mui prezados amigos caninos, e apraz-me dizer que deveriam ser eles muito mais frequentes tanto é o bem que nos fazem à alma, dias especiais em que só parece que este mundo-cão foi feito para nós e à nossa exclusiva medida... Dormitava eu ontem pela manhãzinha refastelado na fresca tijoleira do escritório, arrefecendo do calor agustino que grassava lá fora enquanto o J.C ia dando ouvidos a uma conversa tagarelada da Antena 3 que me ia arrastando para uma sonolenta apatia, reparem só, nem uma musiquinha, tão só conversa fiada, que razão de ser poderia aquilo ter?, ia eu pensando quando  de repente desembrenhou ele do ecrã do computador e voltando-se de sopetão na minha direcção lançou:

-Ouviste James? Ouviste bem o que a Garota Não acabou de dizer?

E eu, abrindo os olhos surpresos, limitei-me a esperar que ele esclarecesse melhor, geralmente esta táctica funciona, o J.C faz as perguntas mas depois de um breve silêncio encarrega-se ele próprio de lhes dar a conveniente resposta...

- Pois a Cátia acabou de dizer que deve muito da sua experiência artística e orientação musical a um colega de faculdade e músico e também de Setúbal e que se apresenta como, imagina,  JAMES!

E não dando tempo para qualquer reacção minha já ele me mostrava o outro James, rapaz apresentável pela foto e que entretanto já ecoava pelo éter de Valmedo com uma das canções do seu álbum "Mnemonic Devices" chamada "Paraíso" e nem de propósito veio-me à lembrança o facto de o J.C estar a precisar de um aparelho qualquer que lhe avive a memória, e isto, amigos caninos, são palavras do próprio...



Ainda ecoavam os últimos acordes quando a N. abriu a porta e sentenciou:

- Então? Está na hora da vacina! Estão à espera de quê?

E o ambiente que até àquele momento tinha estado agradável e sereno ficou mais tenso, é que se ainda não repararam tratava-se da "minha" vacina anual! Prepara-se a coleira, sobe-se para a bagageira do velhinho Opel até parecer um condenado enjaulado num carro-prisão, aguenta-se os solavancos pelo caminho demasiado sinuoso até ao local do sacrifício e eis que se ouve o J.C. gritar:

-Olha para ali James, parece que é mesmo o teu dia! - e apontava para a berma da estrada onde numa enorme tabuleta estava escarrapachado o meu nome...  

Desde então, aqui em casa, nunca se veio a descobrir quem raio era aquele James à beira do caminho... Se algum de vós, amigos caninos, souberem de quem se trata avisem-me por favor, dou alvíssaras...




JAMES
(Cão de Valmedo)

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