Diz a enciclopédia que o GUANO é uma matéria composta de excrementos de aves marinhas que se encontra acumulada em grandes quantidades nas costas e em várias ilhas do Chile e também do Perú, resultado de milénios de desmerdanço de pelicanos, albatrozes, petréis-mergulhadores, pardélios, gaivotas, cagarras, gansos-patola, corvos-marinhos, fragatas e até de mandriões... A origem do termo não poderia ser mais a propósito, GUANO deriva da palavra quíchua huanu, que significa merda, esterco, só que a sua milagrosa composição à base de ácido úrico e fosfato de cálcio, para além de sais de potássio, oxalatos, carbonatos e outros compostos azotados faz desta porcaria um precioso e riquíssimo fertilizante já que contém todos os elementos requeridos pelas plantas duma forma facilmente assimilável, uma colher de sopa de guano no pé do feijão e é vê-lo subir num ápice até ao céu, que o diga o João Bovino, o menino que trocara a vaca sagrada da família pelas sementes mágicas e que agora anda lá em cima a observar os castelos deste maravilhoso mundo-cão, muitos deles de areia!
Antes da mortífera e destruidora invasão espanhola já os INCAS usavam o guano há mil anos nas suas culturas e curiosamente nuestros hermanos não lhe deram o devido valor devido, em primeiro lugar, à sua cupidez e obsessão pelo ouro, e depois por causa do seu olfacto melindroso, diziam eles que o cheiro do guano era tão intenso que afastava tudo e todos daquelas ilhas, tivessem eles um nariz menos sensível como os Incas e talvez tivessem descoberto o tesouro, aquela que se tornaria a merda mais cara do mundo... Foi preciso esperar pelo século XIX para que o mundo se apercebesse daquela enorme riqueza natural ali à mão de semear, então VON HUMBOLT, meu herói e colega naturalista e geólogo alemão, ao estudar as fabulosas propriedades do guano despoletou uma corrida ao ouro, de repente era considerado o melhor fertilizante do mundo e todos o queriam e a febre foi tanta que os americanos se deram ao luxo de elaborar o "Acto das Ilhas do Guano", uma directiva que autorizava qualquer americano a tomar posse de uma qualquer ilha onde houvesse guano ao redor do globo com o intuito de a explorar comercialmente, e fizeram-no de facto em mais de cem ilhas... Acresce que para além das costas e ilhas do Pacífico sul tinham sido entretanto descobertas jazidas de guano em muitas ilhas ao largo das costas africanas e o rebuliço e as apropriações selvagens foram tantas que ainda hoje subsistem conflitos em relação ao direito de propriedade de muitos desses santuários de vida selvagem!
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