sexta-feira, 25 de setembro de 2020


CONTAS DE FORMIGA


Encontro fortuito, não muito desejado,
o bicho-de-conta encara a formiga!
E ele, mui sensível e todo assustado:
"Que queres que te faça, que te diga?


"Ouve lá bem, então que me contas?"
lançou então a formiga ao bicho delas...
Claro, é daquelas perguntas tontas
que podem criar azedumes e mazelas...

"Nada, tudo tranquilo e andando,
já tu, insecto alado e trabalhador,
porque tens asas e não estás voando?"
retrucou o tatuzinho, desafiador...





 
"Sei lá, por amor?" - suspirou a formiguinha...
"Hi Hi!" -exclamou o bicho e desatou-se a rir,
"Essa história não é tua, minha amiguinha,
é do Palma ou de quem vier logo a seguir..."

E nisto, de tanto rir o bicho se virou
numa bola esperneando para o ar,
agonia que fez a formiga desabafar:
"Raio, insecto ele é, insecto eu sou...!"
 
"De que servem as tuas asas, afinal,
se o voar não te liberta nem te salva?"
A isto, não levando a formiga a mal:
"No céu ou na terra, importa a alma..."
 



E assim morreu o bicho, esperneando,
fazendo contas mas sem ajuda divina...
Por cá ficou a formiga mui desovando
mas sem saber que nexo isso tinha...


J.C
(Poeta de Valmedo)

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