CONTAS DE FORMIGA
Encontro fortuito, não muito desejado,
o bicho-de-conta encara a formiga!
E ele, mui sensível e todo assustado:
"Que queres que te faça, que te diga?
"Ouve lá bem, então que me contas?"
lançou então a formiga ao bicho delas...
Claro, é daquelas perguntas tontas
que podem criar azedumes e mazelas...
"Nada, tudo tranquilo e andando,
já tu, insecto alado e trabalhador,
porque tens asas e não estás voando?"
retrucou o tatuzinho, desafiador...
"Sei lá, por amor?" - suspirou a formiguinha...
"Hi Hi!" -exclamou o bicho e desatou-se a rir,
"Essa história não é tua, minha amiguinha,
é do Palma ou de quem vier logo a seguir..."
E nisto, de tanto rir o bicho se virou
numa bola esperneando para o ar,
agonia que fez a formiga desabafar:
"Raio, insecto ele é, insecto eu sou...!"
"De que servem as tuas asas, afinal,
se o voar não te liberta nem te salva?"
A isto, não levando a formiga a mal:
"No céu ou na terra, importa a alma..."
E assim morreu o bicho, esperneando,
fazendo contas mas sem ajuda divina...
Por cá ficou a formiga mui desovando
mas sem saber que nexo isso tinha...
J.C
(Poeta de Valmedo)
Sem comentários:
Enviar um comentário