domingo, 17 de dezembro de 2017


ESTRELA  CARIANT

Vermelha é a raiva, incandescente,
e paira um certo cheiro a frango assado
quando Marte desperta o vulcão
e a lava lentamente tudo queima...
Ilusão? Cegueira? Ou estará louco
o espírito em fuga no vale dos pirilampos?
Cinzenta é a incerta visão do futuro
agora que a Lua nasceu cheia
de aromas a pinho e alecrim...


Atraído pela luciferase intermitente
deita o herói contas ao negro passado
que espremido lhe cabe numa mão...
Pára, qual anjo caído, fecha os olhos e teima:
onde está o erro? tudo lhe parece pouco
entre alegrias fugazes e prazeres tantos!
Branco queria o seu destino, viver puro
nesta babilónia esquizóide e feia,
sonhou até que a fantasia não teria fim...

Mas Vénus, argonauta, não lhe iluminou o intenso 
amor nem a mente, eclipsado noutra constelação,
viajante numa quilha em busca do ouro...
E quando azul e amarga lhe pareceu a solidão
acudiu-lhe o mago de negro vestido, o norte 
lhe apontou onde esperam a paz e a sorte,
longo é o caminho semeado de jasmim e louro,
murchou a rosa, arde a alma, arde o incenso
e enquanto brilharem as estrelas bate-lhe o coração...


J.C

(Poeta de Valmedo)

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