sexta-feira, 12 de maio de 2017




O CIPRESTE, A TERRA E O CÉU...



Cupressus sempervirens, também designado por cipreste-comum ou cipreste-mediterrânico, é uma árvore nativa do sul da Europa (Grécia e Itália) e sudoeste da Ásia (Turquia e Chipre) que apresenta uma característica copa triangular que pode ultrapassar os 30 metros de altura... É uma espécie de folha persistente (sempervirens significa sempre verde) e alguns exemplares chegam a viver mais de 1000 anos! Talvez por isso seja também uma árvore de grande simbolismo, associada à melancolia, à morte mas também à imortalidade, daí ser comum vê-la a ornamentar cemitérios também porque a sua copa em forma de vela levou-a à função de velar pelos mortos.... O cipreste, com toda a sua estrutura e ramos a apontarem directamente para o alto é, portanto, um símbolo de ligação entre o céu e a terra, um canal de ligação a vida eterna e não surpreende que tenham sido plantados em larguíssima escala nos claustros e pátios dos mosteiros durante a Idade Média, o que lhe conferiu ainda uma  suplementar conotação sagrada.... 
Curioso também é o facto de a sua distribuição, pela Europa e não só, ter resultado da expansão romana pelos territórios ocupados, lugar onde hajam estes ciprestes significa que, muitos séculos atràs, os romanos por ali andaram! E duas outras características  àcerca do cipreste-comum: primeiro, relativo ao passado, a sua madeira, aromática e resistente, foi usada pelos Egípcios para a construção dos sagrados sarcófagos, pelos Gregos para a feitura de móveis e por toda a gente na Idade Média para o fabrico de arcas; segundo, a sua altíssima resistência ao fogo conferida pelo grau de humidade das suas folhas e troncos (à volta de 90%) pode conferir-lhe um importante papel enquanto barreira protectora contra os comuns e devastadores incêndios na região mediterrânica e não só...
Finalmente, não confundir o cipreste-comum com o cipreste-português (Cupressus lusitanica), espécie nativa da América Central e que apenas foi introduzida na Mata do Buçaco em pleno século XVII e depois exportada para a Europa e Brasil com o certificado de origem lusitânica....
Em Portugal, hoje em dia, pode o cipreste-comum ser encontrado em todo o lado, ambiente urbano ou rural, cemitérios ou jardins (públicos e privados), parques ou até em miniatura aprisionada num vaso de varanda, mas, desculpem a presunção, nada se compara aos exemplares que em plena natureza desafiam quem se aventura entre o Almonda e o Alviela, à sombra da Serra de Aire, esculpidos não por Le Nôtre ou Brotero mas pelos ares mediterrânicos do planalto ribatejano.....



EIS UM OLHAR INTEMPORAL...



Às cavalitas...



Moai da Ilha de Páscoa


Pássaro



Há quem use penacho....



Campanários...



Mãe Preta



Vestida de noiva....



Cipreste macho com erecção....



Velando pelos mortos....




Irmãos Dalton



Tudo preparado na casa de D. Inês para o banho...




Cipreste mediterrânico comum (esquerda) e Cipreste lusitano (direita) 



Jean Charles Forgeronne
(Fotógrafo de Valmedo)

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