domingo, 31 de julho de 2016



EFEMÉRIDE Nº 4 - O PRÍNCIPE QUE VOAVA       


          Seria apenas mais um voo de reconhecimento mas algo correu mal. ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY saíra de Bastia (Córsega) pelas 8h45 daquela segunda-feira 31 de Julho de 1944 com o objectivo de sobrevoar o vale do Ródano e obter informações vitais para a investida final das tropas aliadas na libertação da sua Provença natal da ocupação alemã, mas por volta do meio-dia, sob um céu límpido e um mar azul, o seu avião Lightning P 38 desapareceu no Mediterrâneo ao largo de Marselha...

Lightning P 38

          Saint-Exupéry não tinha que estar ali àquela hora, ele quis estar ali!!! Tinha 44 anos, era um piloto com 20 anos de experiência de voo e muitas aventuras para contar (teve inúmeros acidentes e consta que à data do seu desaparecimento as mazelas das fracturas que sofrera lhe impediriam de se movimentar em condições no cockpit ou sequer de usar o páraquedas se necessário) mas voluntariou-se para participar na II Guerra Mundial, uma forma de continuar a voar - a sua maior paixão - e também para desforrar-se de um dos seus maiores desgostos, o facto de, por uma questão de poucos meses, lhe ter sido vedada a participação na I Grande Guerra ao lado de amigos seus e de não ter sido herói como eles....


Antoine de Saint-Exupéry
           Mas quem sabe se para este derradeiro acto de heroísmo e patriotismo não pesou muito a grande motivação que terá sido a de poder sobrevoar o seu mundo encantado da infância, voltar a ver o castelo onde vivera e a as paisagens que foram palco de aventuras de sonho, mais tarde retratados nas suas obras...       





     
     Para além de aviador, Saint-Exupéry também desenhava e escrevia. Publicou várias obras onde relatou as aventuras que tivera enquanto piloto ("O Aviador", "Correio Nocturno", "Piloto de Guerra") mas seria com o "O Principezinho, que se tornaria célebre, um dos livros mais traduzidos (mais de 80 línguas) e lidos em todo o mundo!!

        Desengane-se quem pensar que é apenas um livro infantil, é muito mais do que isso, é um hino à alegria de viver, à  amizade, ao amor, à simplicidade....

         Não se trata apenas de uma viagem à Terra de um pequeno príncipe que habitava num asteróide com 3 vulcões e uma rosa vermelha, é também o confronto da pessoa adulta com o maior dos segredos: "as coisas mais importantes da vida são muitas vezes invisíveis para os olhos; só com o coração as podemos ver!"   E isso acaba sempre por ficar pelo caminho, obcecados que andámos com os números, com as imagens, com a importância...


           Para Saint-Exupéry, o mais imperdoável dos pecados era um adulto matar a criança que havia em si, o desacreditar no sonho e no poder do coração; escreveu ele um dia à mãe: - "Não estou muito certo de ter vivido depois da minha infância..."

            "O principezinho", na sua essência, está destinado para ser lido na adolescência e relido na idade adulta... mas na realidade pode ser lido em qualquer altura, basta haver uma mente aberta ou uma alma para resgatar....


A paisagem mais triste do mundo

   

 Para tornar a mais triste na mais bela paisagem do mundo só falta colocar lá o desaparecido Principezinho...   Não deixem que o pequeno príncipe que habita dentro de vós vos abandone... seria o deserto...  


   
                   
João Breve
(Cronologista de Valmedo)

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