DE VIVA E ETERNA VOZ!
Quando soube já hà algum tempo que iria haver um espectáculo comemorativo dos 20 anos do Coro Municipal da Lourinhã, através de uma mensagem facebookiana recebida da Patrícia, colega de profissão e coralista soprano do grupo há vários anos, a coisa era então "apenas" isso, uma exibição do Coro e uma noite de homenagem à sua história e de agradecimento à dedicação dos seus membros ao longo de duas décadas... E quando ontem entrei Auditório adentro sou surpreendido pelo anúncio de um convidado especial, nada menos do que Manuel Freire, esse mesmo da "Pedra Filosofal", e que segundo o maestro da companhia, Carlos Pedro Alves, era já um sonho antigo partilhar o palco com ele, muitas vezes adiado por agendas inconciliáveis... Felizmente foi desta!
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"Manuel Freire com o Coro Municipal da Lourinhã" - Foto: Jean-Charles Forgeronne |
A primeira parte do concerto ficou a cargo exclusivo do Coro que presenteou o público com belas harmonias oriundas de várias latitudes, já a segunda, partilhada com Manuel Freire, demonstrou à evidência que há vozes que sobrevivem à passagem dos anos, esta então, já com oito décadas de vida, arrepia de tão cristalina e poderosa como há mais de meio século atrás quando se ouviu pela primeira vez a "Pedra Filosofal", um casamento perfeito entre as palavras mágicas de António Gedeão, a harmonia e aquela voz sublime, sem favor uma das mais belas que este país alguma vez ouviu... E eu, que então menino e moço me orgulhava de cantarolar o poema na íntegra e sem saber que a canção se tinha tornado num hino da luta contra a ditadura, saí dali de alma cheia, com os primeiros versos a querer sair boca fora:
"Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida,
tão concreta e definida como outra coisa qualquer..."
Que venham então mais vinte anos para o Coro Municipal da Lourinhã e para o Manuel Freire também, o homem da voz eterna...
João Sem Dó
(Musicólogo de Valmedo)
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