REGRESSO AO FESTIVAL DOS SORRISOS
Vira-se as costas ao Mosteiro dos Jerónimos e após meia dúzia de passos, já em pleno Jardim Vasco da Gama, damos de caras com uma singular e exótica obra: a Sala Thai... É um pavilhão tailandês, à semelhança de muitos outros que abundam lá pelo país da liberdade e que foi oferecido a Portugal pelo governo da Tailândia em 2012 para comemorar os 500 anos de relações diplomáticas entre os dois países... De resto, os portugueses foram os primeiros ocidentais a chegar ao antigo reino do Sião aquando da expedição de Afonso de Albuquerque em 1511 e um ano depois aí se instalou uma residência diplomática que daria origem depois à embaixada mais antiga naquele país...
O Pavilhão Tailandês de Belém foi integralmente construído em Banquecoque e transportado de barco até Lisboa, fazendo o percurso inverso daquele que os navegadores portugueses faziam há cinco séculos; foi feito em madeira de teca à maneira tradicional tailandesa, não tem um único prego ou parafuso na sua estrutura e tudo assenta em encaixes de madeira, além disso ostenta um brilho dourado devido às milhares de folhas de ouro que o cobrem... E se por estes dias é o epicentro do Festival Tailandês nos outros dias ordinários qualquer um lhe pode dar o mesmo uso que os tailandeses dão aos seus pavilhões: actividades religiosas ou de lazer, local de reflexão ou um simples abrigo do sol ou da chuva...
Já tinha saudades destes sorrisos desarmantes, os tailandeses nascem, vivem e haverão de morrer com um sorriso e aqui damos por nós inconscientemente a a sorrir também... Este ano encontro mais gente que em anos anteriores, talvez muitos venham com a esperança de que lhes saia em sorte uma das viagens que irão ser sorteadas no decorrer do certame, outros já são habitués e vêm apenas espairecer e isolar-se da azáfama do mundo-cão lá fora e há quem venha para provar iguarias tailandesas, assistir a demonstrações da genuína massagem, assistir a espectáculos de música e dança tradicionais, participar em debates culturais, levar para casa peças de artesanato, enfim, o que apareça... Mas eis que hoje e como boas-vindas, à hora em ponto de abertura, sou atraído por um workshop culinário e aprendo a cozinhar uma típica salada de atum com molho de ostras e molho de soja, a coisa promete...
Depois de estômago composto veio o alimento espiritual, um grupo de monges presenteou os visitantes com uma conversa serena e esclarecedora sobre os fundamentos do budismo, essa filosofia-religião que convida à contemplação e ao empoderamento da mente... E que bom foi ter recebido aquela tranquila energia positiva que emanava da voz hipnótica do monge orador, estamos sempre a aprender e a crescer enquanto percorremos nesta vida, em vidas passadas e noutras futuras, o caminho do esclarecimento, dizia ele tais verdades com tamanha sabedoria que sai dali renascido e sorridente, quase crente de que esta vida será mesmo muito provavelmente apenas uma passagem e uma aprendizagem para outras vidas... Não ganhei nenhuma viagem mas para o ano voltarei, pelo menos haverá sempre mais sorrisos...
Yuehan Kaluosi
(Filósofo Taoísta de Valmedo)
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