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"Oiro sob azul" |
Jean-Charles Forgeronne
SÓ FALTOU SAIR MÚSICA DO CALHAU...
Entretanto e enquanto de mansinho Julho se está a finar, vai ficando pelo planalto o vazio e a saudade onde dantes estiveram expostas muitas obras durante os dias em que ocorreu a 2ª edição do CALHAU, é o caso de umas das esculturas de Carlos Ramos que durante algum tempo viveu em boa vizinhança com o revigorado moinho do Pantónio...
ou da foto da lisboeta Sandra Lourenço que se deixou fascinar com uma actividade secular que ainda vai resistindo pelo Moledo e Pena Seca...
Mas nem tudo parte, por aqui ficaram o musgo e os corações de Lena Muniz...
a menina Primavera de Ana Cristina Dias...
ou as ovelhas do Miguel...
Mesmo assim o maldito vírus ainda nos roubou a ideia mais ousada e cativante do evento, o concerto do pianista Miran Devetak que teria lugar numa pedreira da região teve que ser cancelado, oxalá possa acontecer numa próxima edição do Calhau... E se alguém disse que pedras há que falam e outras de calçada que até choram desde que se lhes toque no nervo, também as há que gostam de Chopin ou Schumann!
Não sei quanto tempo humano durou a leitura mas fiquem sabendo que nunca me portei tão bem, amigos caninos, deitado qual esfinge egípcia e quando o leitor lançava um olhar inquisitorial à minha atenção lá eu o encarava embora prestasse mais atenção à capa do livro onde brilhava alguém muito parecido comigo, um épagneul-breton branco e castanho como eu, embora só um pouco mais escuro à volta dos olhos...
- Este livro poderia ser sobre ti, James, és tão parecido com este Kurika!
- Kurika é nome de cão? - perguntei...
- Olha, até nisso se parece contigo, foram os filhos do autor do livro que o baptizaram assim porque andavam a ler as aventuras de um leão chamado Kurika enquanto tu te chamas James porque o M. andava a ler as aventuras de um herói com esse nome... E reparaste que até a história de dormires na cozinha é em tudo igual, o Kurika barafustou tanto por não querer dormir no canil que a família tfoi obrigada a arranjar-lhe um cantinho na cozinha!
Claro que eu tinha reparado, mas não é assim que deveria ser? Afinal se um cão como eu que se acha mais pessoa do que cão não deve dormir na rua isolado da sua família, certo? Por outro lado, ouvir este livro fez-me um bem danado ao meu ego, já repararam, amigos caninos, que eu sou um cão com nome de pessoa? E o J.C leu-me os pensamentos ao dizer:
- Pois é, James, às vezes olho para ti e desconfio que tu és uma pessoa disfarçada de cão, só te falta falar!
E não se esqueçam, seus cães, peçam lá em casa para vos ler esta obra-prima...
Preço adequado para tamanha qualidade, contas feitas para o IVAUCHER, para ajudar à digestão decidimos dar uma voltinha pela margem do Guadiana e eis que a minha boca se abre de espanto, que raio era aquilo que eu vislumbrava? Uma cena tipo Bordallo II, estaria a sonhar, seria do branco à pressão? Não, agora vinha-me ao pensamento, tinha lido algures há bastante tempo qualquer coisa sobre Alcoutim e o artista, que surpresa! A lontra! E o cão, que por ali andava de focinho ao alto absorvendo os aromas do verão algarvio e ribeirinho... E no Guia do Expresso de Julho de 1995, que encontrei no baú das memórias mais antigas e prestes a expirar, encontrei esta maravilha, à época as ofertas de restauração referiam-se a restaurantes que já desapareceram, claro, ou então situados nas proximidades, Guerreiros do Rio, por exemplo...