terça-feira, 16 de janeiro de 2018



MEMÓRIAS DE INFÂNCIA


Primeiro encontra-se um simpático desconhecido à saída do almoço, tornado o Valdemar do Carvalhal depois das apresentações, de carrinha aberta ostentando saquinhos de pequeninas maçãs Bravo-de-esmolfe, daquele calibre que não passaria por nenhum crivo da censura alfandegária europeia... "Estas não vieram de Esmolfe, não precisaram de vir da Beira-Alta até cá abaixo, saírem mesmo ali do meu cantinho do Bombarral" - afiançava-nos o Valdemar. E aqueles frutos fizeram lembrar-me os tempos de infância em que nos encalavitávamos  nos pomares alheios e ainda os pomos eram juvenis e já nos serviam de lanche após uma estopada de tabuada, linhas de caminho-de-ferro e rios lusitanos, servidos com a dose de austeridade habitual da Cegueta, a implacável professora de óculos de fundo-de-garrafa que, mesmo assim, não chegavam para anular a megamiopia de que padecia...
  - "Não imaginam como ficam elas depois de uns minutinhos no forno! Nem é preciso açúcar, nem canela nem nada... É só passá-las por água e dar-lhes calor! Depois venham cá dizer-me como foi"....
E não resisti, nem eu nem os outros Tálentos para correr, estafadinhos de uma dezena de quilómetros corridos a alta voltagem pela costa de Peniche...
Conversa animada, promessas de reencontro e lá fomos todos de saquinhos debaixo do braço, obrigados a relato da degustação... Aqui vai ele em forma de imagem, a delícia mais simples e gostosa de se fazer, à boa maneira portuguesa e com fruta verdadeiramente lusitana. Para desfrutar a qualquer hora, com ou sem Vinho do Porto a acompanhar...


Antes...



Durante...



E depois...

João Ratão
(Chef de Valmedo)

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