terça-feira, 14 de novembro de 2017






EFEMÉRIDE # 33



A VIDA, A COR E A ALMA...



Não foi RUBY BRIDGES que foi ao encontro da História, antes foi esta que a resgatou a uma infância até aí inocente numa cidade do sul de uma América racista e a tornou célebre... Segundo as palavras da própria, foi devido à teimosia da mãe que as coisas tomaram aquela proporção!




"The problem we all live with..." - NORMAN ROCKWELL



RUBY tornou-se no dia 14 de Novembro de 1960, com apenas 6 anos de idade, na primeira criança afro-americana a ser inscrita na escola que era, até então, apenas frequentada por brancos.... Não foi ela que pediu, foi o então presidente da nação, DWIGHT D. EISENHOVER, que assim o exigiu, que a comunidade negra passasse a ter os mesmos direitos e as mesmas oportunidades que os restantes cidadãos...! E perante a firme oposição do pai, o qual dizia que o racismo visceral o tinha sentido ele na frente de batalha da II Guerra Mundial quando aí eram todos iguais, brancos e negros, dando a vida pelo próximo e defendendo-se mutuamente, enquanto que, chegados à retaguarda, ao aquartelamento seguro, os brancos passavam a ser de primeira classe e os negros voltavam a ser tratados como ralé, e foi então que a sua mãe, animada de uma fé inabalável e com uma alma imensa pugnou até à exaustão pela igualdade e pela justiça!.... 




RUBY BRIDGES no Teatro São Carlos, Lisboa, 2017


As manifestações e os protestos diários contra esta medida foram tantas que houve necessidade de atribuir, durante meses, uma escolta especial de 4 agentes das forças de segurança a Ruby, no trajecto desde a sua casa até à escola, umas meras centenas de metros... RUBY, emocionada, disse em Lisboa que nesses primeiros dias pensou que todo aquele frenesim à sua volta seria devido ao MARDI GRAS, o excêntrico Carnaval de Nova Orleães.... E durante um ano inteiro, em que todas as outras crianças foram impedidas pelos pais de ir à escola e em que não havia um único professor que lhe quisesse dar aulas, sempre pensou que toda a escola era só para ela.... Mais tarde, quando descobriu afinal que o problema era ela, ou seja, a sua cor de pele, encontrou coragem na sua melhor amiga de sempre e pela vida fora, Barbara Henry, o único professor que não se recusou a dar-lhe aulas... Hoje em dia são ainda as melhores amigas e assim continuarão até ao fim....








A professora Bárbara, branca como a cal da parede, mostrou a Ruby que a maldade afinal não estava na cor da pele mas na cor da consciência... Hoje, como nas últimas décadas, Ruby  tem viajado pelos Estados Unidos para falar com milhares de crianças e professores e alertá-los para o facto do racismo ainda ser uma doença na sociedade actual e, pior do que isso, ser uma epidemia em estado avançado de disseminação, causando cada vez mais vitimas...




João das Boas Regras

(Sociólogo de Valmedo)


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