O MILAGRE DA SEREIA

O que leva Bryan Ferry, Robert Plant, Sinead O'Connor, Elizabeth Frazier ou George Michael, por exemplo e só para mencionar alguns, a arriscarem uma versão da mesma canção? A resposta só pode ser uma: a atracção irresistível por uma melodia mágica, qual engodo lançado por uma linda mas perversa sereia!
"Um milagre", assim definiu Larry Beckett o que aconteceu uma bela manhã do ano de 1967 quando levou o poema "Song to the siren" a TIM BUCKLEY que tomava o pequeno almoço num café. Então, após ter lido os versos e para espanto de Beckett, mesmo ali sentado à mesa, pegando na sua guitarra e à primeira tentativa Tim criou os acordes e a melodia que, sem grandes alterações, viria a gravar mais tarde no LP "Starsailor".
Mas Tim Buckley espantou muita outra gente, muitos o consideraram superior a Dylan e Jacques Brel chegou mesmo a dizer que era a voz mais extraordinária que tinha ouvido na sua vida...A verdade é que esta personagem de aspecto tímido e frágil viveu apenas 28 anos mas deixou uma marca indelével na música popular, atestada por "Song to the siren".
song to the siren - Tim Buckley
Muito boa gente (incluído eu próprio) descobriu a canção apenas em 83 na voz deslumbrante de Elizabeth Frasier (This Mortal Coil) e só depois chegou ao original, tarde mas ainda a tempo.... Muitas outras versões foram aparecendo e quando parecia que a história estava contada e revista acabo de ser recentemente surpreendido por uma nova "Canção para a sereia", tão bela e mágica à imagem de Buckley. O milagre pertence a THOMAS DYBDAHL, um norueguês também com ar frágil e tímido mas que merece ser descoberto quanto antes e já agora que não seja atraiçoado por nenhuma sereia para que possa ter uma longa carreira e assim nos deleitar com pérolas e encantamentos......
song to the siren . Thomas Dybdahl
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Thomas Dybdahl |
"Canção para a sereia"
Flutuando em longínquos oceanos inavegados
fiz o meu melhor para sorrir
até que os teus olhos e dedos melodiosos
me seduziram até à tua ilha.
E tu cantaste:
"Navega até mim, navega até mim,
deixa-me envolver-te,
aqui estou eu, aqui estou eu
esperando para te abraçar"
Sonhei eu que tu sonhaste comigo?
Estavas aqui quando eu navegava a todo o pano?
Agora o meu desorientado barco está adornando,
danificado pelo amor rejeitado nas tuas rochas
por teres cantado:
"Não me toques, não me toques,
volta amanhã..."
Oh o meu coração, o meu coração esconde-se da tristeza.
Estou perplexo como uma criança pequena,
estou agitado como a maré:
devo permanecer no meio das vagas?
Ou devo deitar-me com a morte, minha amada?
Ouve-me cantar:
"Nada até mim, nada até mim,
deixa-me abraçar-te,
aqui estou eu, aqui estou eu
esperando para te abraçar..."
Larry Beckett
(Tradução de João Sem Dó)
João Sem Dó
(Musicófilo de Valmedo)
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