sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A VIDA SEM ALCOOL

           O que vale mais, uma vida de 30 anos intensos e vividos em partilha com o universo e os outros ou uma vida de 60 anos estéreis e inúteis na mais pura solidão e misoginia? Esta é a questão que se pode colocar hoje em dia a esta nossa sociedade moderna e disfuncional norteada por uma obsessão científica e económica em relação à qualidade de vida....

D. Luisa de Gusmão


        Já dizia a propósito D. Luísa de Gusmão, consorte de D. João IV, que mais valia ser ser rainha por um dia do que duquesa pela vida inteira, ou por outras palavras, mais vale morrer na hora reinando feliz do que morrer muito depois servindo e pouco gozando! E se repararmos nas faces coradas da esclarecida e corajosa dama (um copito a mais?) poderemos concluir que vale a pena correr todos os riscos (como ela fez) para alcançar a felicidade plena ainda que efémera... Mesmo assim, e devido à sua grande costela aristocrática, beneficiou de uma qualidade de vida suficiente para lhe garantir 53 anos de existência quando para todos os outros mortais da época a esperança média de vida não passava dos 33! E essa meta dos 30 anos de vida manteve-se até ao século XIX, quando os nossos bisavós viviam....



              No dia de hoje, exactamente a esta hora, a esperança média de vida ultrapassa os 80 anos! Não interessa se 20 ou 30 anos dessa vida são passados na mais pura ditadura comportamental, alimentar, terapêutica e existencial, serão sempre 80 anos de vida para gerir, através de comprimidos dietas, restrições, alertas, proibições...! E onde queremos passar os melhores momentos dessa existência? Claro, em festas, convivendo e bebendo com os amigos e com aqueles de quem gostamos, que melhor poderá haver? O problema são mesmo essas incontáveis organizações de defesa da bioesterilidade que nos colocam à mínima onda um processo em cima por estarmos a grelhar algo parecido com uma costeleta de um mamífero...


      Um estudo bastante recente, elaborado por investigadores da insuspeita Universidade de Oxford, aponta para a seguinte conclusão: OS HOMENS DEVEM SAIR 2 VEZES POR SEMANA PARA BEBER COM OS AMIGOS! Porquê? Porque melhora a sua saúde física e mental, e o mais extraordinário, (atenção mulheres) faz os homens derrubar a barreira da comunicação, abrem finalmente a janela do seu imaginário e verbalizam sobre os relacionamentos, o amor, os medos e inseguranças, as expectativas de vida, afinal tudo aquilo que as mulheres passam a vida toda a conversar entre si sem se sentirem ouvidas...

               Mas, atenção homens, cuidado com quem bebem, não vá algum alcoviteiro amigo espalhar por aí a beleza interior da vossa mente..... bebei com os amigos mas falai apenas convosco próprios, é o meu conselho....!

          Podemos então inferir que o alcool foi das mais importantes invenções da humanidade! O que seria de uma vida sem alcool? Uma vida a preto e branco, sem emoções, sem êxtase, sem nada...Seria uma coisa sensaborona, previsível, desinfectada.... Mas, afinal. não será o alcool o primeiro e o melhor dos desinfectantes?  Então toca a confraternizar com os melhores amigos e assim desinfectar todas essas campanhas doentias sobre os comportamentos sociais que hoje nos infernizam a vida: não beber (tudo o que não seja água), não comer (enchidos, carnes vermelhas, queijos hipercalóricos, sobremesas, tudo o que é BOM.....), vigiar o colesterol,  a glicémia, a tensão arterial, e já agora a VONTADE DE VIVER... l Tornemo-nos então livres de todas essas amarras e vivamos a VIDA  como ela merece.... Com uma cerveja bem fresca, um tinto alentejano ou um branco gelado, desde que tenha alcool suficiente para desinfectar a mente....




Fico por aqui que já estou atrasado para o Jantar do Euromilhões do pessoal do CHO- Caldas.






João das Boas Regras

(Sociólogo de Valmedo)






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