sábado, 19 de dezembro de 2015

A VACA, O FLATO  E O CAMELO


           Há muito que é apregoada pelos cientistas e investigadores a ameaça terrível que os ruminantes, especialmente a vaca mas também a ovelha, a cabra, o búfalo ou o camelo, representam para o aquecimento global do planeta. De facto, a emissão de gases directa destes animais e aquela derivada dos processos de produção da sua carne representa cerca de 18% do total de gases de efeito de estufa (GEE) lançados na atmosfera, mais do que a contribuição de todo o sistema de transportes planetário (13.5%).

   
     
      A maior parte da culpa recai sobre a pobre da vaquinha que apesar do seu ar pachorrento, do seu leite generoso ou do bife inigualável tem o vício pernicioso de lançar um flato e um arroto a cada  40 segundos. Não viria mal ao mundo se o pobre bicho o fizesse lá pelas planícies, longe de qualquer olfacto humano, o problema é a quantidade de METANO lançada para a atmosfera, cerca de 500 litros por cabeça ao ano. Sabendo que o metano é um poluente 20 vezes mais nefasto do que o DIÓXIDO DE CARBONO e se pensarmos que só em Portugal existem 1,5 milhões de cabeças de gado (o que não é nada comparado com os 200 milhões do Brasil) percebemos o alarido em torno da questão, a qual, de uma forma mais simples, pode ser apresentada do seguinte modo: cada Kg de carne que compramos no talho traz associada a emissão de poluentes equivalente a uma viagem de 250 Km em automóvel.
       Claro que a partir deste dados muita gente profetizou que o futuro do planeta recaía obrigatoriamente na diminuição do consumo de carne a nível global, apelando a uma reformulação da dieta e apresentando os vegetais como a alternativa ideal. E até há quem diga que foi por essa razão - salvação do ambiente - que muita gente se tornou vegetariano....




      Mas num estudo recente levado a cabo por investigadores da Universidade Carnegie Mellon de Pittsburg, Pensilvânia, conclui-se que afinal uma dieta vegetariana é mais nociva para o ambiente do que outra que contenha carne. Parece que substituindo a carne por alimentos como legumes, frutas ou peixe, e para obter a mesma energia indispensável a uma saudável actividade humana, ocorre um acréscimo de 6% na emissão de GEE, gasta-se mais 10% de água e mais 38% de energia...
      Parece que cada estudo que vem à luz contradiz os anteriores e de contradição em contradição poucos saberão a quantas anda, exemplos não faltam, há anos o ovo era a pior coisa para o colesterol mas agora já é saudável, dantes os óleos também eram as gorduras mais recomendadas mas agora recuperou-se a dignidade do santo azeite, a cerveja criava barriga mas agora até emagrece e por aí fora...
       Eu cá por mim, e para não me sentir CAMELO ao abdicar de coisas das quais gosto só porque alguns estudos as podem pôr em causa, como por exemplo uma bela costeleta de  novilho com salada de alface e tomate, e não vão aparecer outros estudos daqui a uns anos a desmentir tudo outra vez vou comendo um pouco de tudo até a minha química interna o permitir, tentando equilibrar o prazer da comida e a questão ambiental....  

           Em relação ao planeta, poderemos ficar tranquilos com a Cimeira de Paris e esse acordo dito histórico alcançado no passado dia 13? Claro que sim, basta recordar o Acordo de QUIOTO de 1997 e o tempo que demorou até que 55 países o pudessem ratificar, esperou-se pela adesão da Rússia em 2004, entrou em vigor em 2005 e Bush, o presidente do país mais poluidor da galáxia, não tardou a mandá-lo para o lixo em 2009, fazendo como o camelo orelhas moucas e flatulência sem fim....





João Alquimista

(Investigador de Valmedo)


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