LENDAS E NARRATIVAS - XXI
O TESOURO PERDIDO DE JÚLIO CÉSAR
Há uns dias dei por mim a ler duas vezes o convite: "Percurso narrado sobre a lenda do Pó - O tesouro de Júlio César"! E eu, há muito amante curioso e frequente explorador do planalto das Cesaredas, assim chamado porque se diz que o então chefe militar aí acampou com os seus soldados numa das suas expedições, não hesitei um segundo e inscrevi-me, em estado de choque porque já tinha ouvido muitas histórias sobre o planalto mas não sonhava sequer com a possibilidade de aí existir um tesouro! E hoje é sábado dia 16, ontem foram os Idos de Março em que passaram exactamente 2068 anos sobre a morte do imperador romano JÚLIO CÉSAR, assassinado na célebre e traiçoeira emboscada e aqui estou eu a chegar ao adro da capela dedicada a Santa Catarina de Alexandria, na aldeia do Pó, concelho do Bombarral, é daqui que terá início a caminhada guiada... Ao longe, sob um céu que por sorte não ameaça borrasca, vislumbro a encosta norte do planalto, aqui deste lado chamam-lhe a Serra do Pó, é para lá que daqui a pouco marcharemos à boa maneira dos romanos...
Reparo que desta vez não sou o primeiro a chegar, já cá está o professor Nuno Ferreira, da Câmara Municipal do Bombarral, ele que tem andado por todo o concelho a recolher as lendas locais de cada terra antes que elas se percam para todo o sempre, e felizmente parece que um livro sobre esse património em risco está na calha... Far-nos-á também companhia o Presidente da Junta de Freguesia do Pó, Álvaro Benjamim, ele que se tornou famoso por ter vencido as últimas eleições apenas por um voto mas, o mais importante, um interessante depositário de histórias maravilhosas do antigamente...
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"Pena da Gralha" - Jean-Charles Forgeronne |
E assim lá fomos até à Pena da Gralha, local onde dizem os antigos e os antes deles que Júlio César lá enterrou ou escondeu um tesouro que pensava levar consigo quando acabasse a sua tarefa por estas terras do oeste peninsular e regressasse a Roma, mas, por esquecimento ou outra razão qualquer, por aqui o deixou ficar... Dizem que o tesouro se compõe de um sino e de um berço em ouro! Mãos à obra, digo a mim próprio, amanhã, munido de pá e picareta demandarei aquela encosta do planalto em busca da fortuna e só peço que não dê de caras com a enorme e sobrenatural ave branca que assustava os poenses antigos quando se aventuravam de noite por aqueles lados, assim o afiança Benjamim que o ouviu de pessoas idóneas e que para além disso lembra-se de que quando era pequeno aí se ter descoberto uma enorme pedra na encosta que se movia e que permitia uma entrada para o desconhecido... Será aí que estará o tesouro?
João Alembradura
(Historiador de Valmedo)
Veni Vidi Vici Ave César de pá e picareta e de lambreta... :-)
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