sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

 

LENDAS E NARRATIVAS - XIX


A INFELIZ MOURA DO ALVIELA

Diz-se que noutros tempos, foragida do seu reino longínquo, quem sabe se das bandas de Alcobertas, chegou aqui onde hoje e desde há muito nasce o rio Alviela uma corajosa e infeliz princesa que desobedeceu à imposição do seu pai para casar com um príncipe muito rico... Acontece que a moura princesa estava apaixonada por um rapaz pobre da sua terra, mas vendo que a união com esse amor com que sonhava dia e noite era impossível e que a infelicidade lhe estava destinada por aqui se escondeu, chorando a toda a hora a sua triste sorte... 


"Os olhos"



Mas uma bruxa de má índole descobriu o paradeiro da infeliz moura e através dela o rei foi enviando à filha outras propostas de casamento, mas nenhum dos pretendentes a princesa aceitava. Então o rei, ansioso por resolver a sucessão do trono do seu condado e farto da teimosia da princesa fez-lhe um ultimato: ou casava com o bonito rapaz que lhe tinha enviado, e que na realidade era um boi encantado, ou seria condenada a viver eternamente naquelas grutas e as suas lágrimas seriam tantas e tão grossas que se tornariam num rio que daria para regar para todo o sempre as terras e dar de beber a pessoas e animais...
E, de facto, as águas do Alviela brotam de orifícios que parecem olhos em lágrimas...    





João Parte Pedra

(Geólogo de Valmedo)

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