terça-feira, 23 de janeiro de 2024

 

DESCOBERTAS POR ALCOBERTAS


Deixadas as salinas ainda engalanadas com luzes natalícias e presépios de sal para trás e Rio Maior a uma dezena de quilómetros, quando chegamos a Alcobertas não vale a pena tentar encontrar a "pequena torre" perdida no tempo e que lhe deu o nome a partir do árabe "al cobe", a única torre que se acha é a sineira da Igreja Paroquial com a sua famosa anta-capela à ilharga... Mas tanta coisa se pode descobrir por esta terra de tempos imemoriais e marcada de forma indelével pela presença dos mouros que até os que por ali se possam encontrar perdidos ou distraídos não têm desculpa tantas são as placas a indicar os locais de interesse histórico e cultural...
A primeira e agradável surpresa começa logo quando, no largo onde se encontram a Igreja com a anta ao lado e o Pavilhão Susana Feitor, apertadinho me dirijo ao WC público e, espantoso, não só a porta está aberta como ainda por cima as instalações estão imaculadamente limpas, quase me atrevo a dizer perfumadas com essências da Arábia... Parabéns à Junta de Freguesia pelo cuidado e por assim tão bem receber quem os visita e o mesmo constatei nos outros lavabos públicos do jardim! Tomara muita cidade, muito café e muito restaurante!    


"Olho de Água"

E se Alcobertas já foi terra de pedra e de mouros hoje é terra de água, da gralha de bico vermelho e de muita história, comecemos pelo Olho de Água, uma das cinco principais nascentes perenes do Maciço Calcário Estremenho, a par da do Alviela, do Almonda, do Liz e da Chiqueda, aí nasce a Ribeira de Alcobertas que irá desaguar no Rio Maior...  Mesmo ao lado podemos aventurar-nos pelas grutas que atestam que aquelas serras são mais esburacadas que queijo suiço e depois, seguindo o curso da ribeira, descansar um pouco no pequeno mas muito agradável jardim Porto do Rio, ouvindo o barulho dos saltos da água e com a omnipresente montanha ao fundo...


"Porto do Rio"

A próxima descoberta a fazer é a dos Potes Mouros, designados durante a Idade Média como "Covas do Pão" e que são um conjunto de buracos e túneis escavados na argila que os mouros usavam para armazenar cereais e se dos cerca de cem silos descobertos nos anos 60 do século passado a maior parte foram destruídos pelas escavações feitas por uma pedreira da zona, resta uma boa notícia: existem ainda 35, preservados e protegidos, prontos para uma visita... Ainda assim, o achado arqueológico continua a ser o maior conjunto de silos conhecido na Península Ibérica...


"Potes Mouros"

E no regresso ainda somos impelidos a fazer um pequeno desvio e descobrir uma chaminé vulcânica no dorso da Serra dos Candeeiros onde se contemplam as formações prismáticas basálticas, isto é, um conjunto de colunas de basalto verticais com 15 a 20 metros de altura resultantes do arrefecimento e solidificação da lava expelida pelo vulcão...

"Sinais do vulcão"


João Parte Pedra

(Geólogo de Valmedo)

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