EFEMÉRIDE # 111
O DIA EM QUE A ILHA VEIO ABAIXO...
De vez em quando a Terra espreguiça-se e treme para nos mostrar como somos pequenos e vulneráveis, quais ácaros na pele de um monstro levamos com uma valente coçadela e o mundo muda num instante, são avisos para nos levar a pensar que controlamos muito menos do que aquilo que pensamos e para isso basta lembrarmo-nos do que aconteceu exactamente há 27 anos atrás nos Açores...
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"Antes..." |
De facto, no dia
9 de Julho de 1998, as ilhas do
Faial,
Pico e
São Jorge tremeram e muito por causa de um violento sismo que abalou em particular a zona da
Ribeirinha, no Faial... A
Igreja de São Mateus, por exemplo, que já tinha sido completamente destruída noutro sismo em 1926 e que, apesar do insuficiente apoio estatal e graças sobretudo ao empenho e às contribuições da população durante oito anos, tinha sido teimosamente reconstruída e reerguida exactamente no mesmo local, acabou por ser novamente destruída! E assim continua nos dias de hoje, em escombros, à espera de uma nova vida, diz-se que talvez ressuscite noutro local da freguesia, noutro sítio talvez mais abençoado... Por enquanto ali resta o esqueleto do templo, afinal uma memória bem viva da tragédia, um aviso para a efemeridade das coisas...
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"Agora..." - Jean-Charles Forgeronne |
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"Antes..." |
Também o
Farol da Ponta da Ribeirinha não resistiu ao sismo de 1998 e por lá continua em ruínas... Tendo iniciado funções em 1919, com a sua torre quadrangular de 20 metros de altura e quatro moradias anexas para alojamento de faroleiros e respectivas famílias, o farol, imortalizado por
Vitorino Nemésio na sua obra maior "
Mau tempo no Canal", foi durante décadas um fiel guia das embarcações que durante a noite demandavam as águas que unem as ilhas do Triângulo, Faial, Pico e São Jorge...
Hoje em dia quem orienta os marinheiros nocturnos do triângulo é um farolim instalado numa coluna metálica branca com 5 metros de altura, vai servindo mas perdeu-se o romântico encanto...
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"Memória..." - Jean-Charles Forgeronne |
João Alembradura
(Historiador de Valmedo)
As ovelhas do Senhor que se cheguem à frente mais uma vez, que o dinheiro do Estado não pode subsidiar património de entidade religiosa qualquer que ela seja.
ResponderEliminarQuanto ao Farol, aí sim. O Estado tem a obrigação de reconstruir o que a natureza destruiu. Infelizmente, quando é para beneficio do colectivo de um povo, o dinheiro é curto ou não existe, porque será mais necessário para outros destinos mais bélicos ou de fundo comprido...